Relato de parto vba1c - por Erika Domingues

VBA1C - Relato de parto - Nascimento de Marina – Natural Hospitalar e muito rápido !

30/10/2010 Nasceu o Lucas, ou como diriam algumas foi extraído de mim através de uma cirurgia cesárea, o filho que não pari…
Eu fiquei gravida em 2010, tentando engravidar durante mais de um ano, sofrendo um aborto, e fazendo mil testes cada vez que a menstruação atrasava… Consegui engravidar, e sempre quis um parto normal, minha GO sabia disso, e todos que me perguntavam sabiam.

Primeira gravidez… Preocupei-me com o quarto bonito, o enxoval com minha cara, bordados e artesanatos que amo fazer… Fiz aulas de alongamento e comprei um livro de Yoga para gestantes que eu praticava aos domingos em casa na sala, achei que era o suficiente para ter um parto normal, estava muito enganada.

Dia 29/10/2010 eu não apresentava nada, nem um sinalzinho de trabalho de parto, dia 30 as 40 semanas e o prazo para o normal acabando… Meu marido reparou na minha tristeza no consultório combinando a hora da internação para cesárea se nada acontecesse e perguntou se tínhamos algo que podíamos fazer para médica – ANDEM, caminhem um pouco que isso é sempre bom. Estacionamos na Praia de santos e andamos mais de três horas, eu com a barriga imensa e ele me acompanhando, de madrugada começou as contrações, hoje eu tenho duvida se eram elas ou os prómodos, eram espaçadas e sem ritmo. Esperei amanhecer e acordei meu marido para irmos ao hospital, me internaram e fiquei 8 horas sem criar ritmo nas contrações, sem dilatar muito fui até os 4 cm somente, me movimentando com as posturas do livro de yoga o tempo todo e nada, o distanciamento entre as contrações diminuiu e eu não evoluía… Fui para cesárea.

Lucas nasceu ao som de Paralamas do Sucesso no rádio, meu marido pegou me mostrou, eu ali amarrada, senti seu cheirinho por alguns instantes e só, levaram ele….me fecharam e deixaram numa sala …sozinha mais de meia hora olhando para o teto, começava meu luto pelo parto que não tive. Fui tocar no meu filho, bem depois ele já de banho tomado e eu não conseguia entender aquela tristeza, ele estava bem.

Meu leite demorou a descer, o capitulo sobre amamentação foi terrível, eu tive muito apoio do meu marido, ele amamentou junto comigo, tive muito apoio da minha GO e do Pediatra e nunca vou esquecer isso, para mim depois da cesárea era uma questão de honra amamentar, mais sofri, senti muita dor e chorei muito durante o processo, eu fiquei assustada, deprimida e muito insegura com tudo, demorei a me recuperar. Sempre achei que a maternidade fortalecia e a minha me enfraqueceu de uma forma devastadora.

Lucas fez dois anos e resolvemos que devíamos tentar um irmão, e lá foi mais tratamento e paciência para engravidar, com mais calma por que quando um já veio você sabe que uma hora o outro chega…
Descobri a gravidez estava com mais de 10 semanas, tive que ficar de repouso e durante esses dias repensei todos esses sentimentos dos primeiros meses do meu filho, não queria aquilo de novo, queria sentir a força e não o lado sombrio da maternidade.

Começou meu envolvimento com grupos no facebook, com pessoas ligadas ao ativismo e a coisa me envolveu mesmo quando ameaçaram a fechar mais uma maternidade em Santos, foi com a tentativa de fechar a maternidade que me envolvi com muita gente do movimento de humanização de parto, entrei de cabeça no assunto.

Pesquisei livros para ler, estudei para entender o trabalho da doula, li inúmeros relatos de partos, cheguei a assinar mais de dez grupos sobre partos no facebook, virei à chata que postava sobre isso todo dia, que compartilhava tudo, vi o filme renascimento do parto, vi palestras e estressei geral com o assunto, como dizem enchi meu pote de informação e me encontrei com aquele pessoal do ativismo que afirma – Cesárea não é parto!, vi muita gente brigando e em discussões sobre cesárea escrevendo coisas que eu não queria ter lido, encontrei muitas acusações sobre as MENAS MÃES encontrei pouco acolhimento e muitas criticas, e também encontrei mães e pessoas fantásticas com mais disponibilidade para informar e respeitar escolhas e erros através do facebook, a maioria não faz ideia de como me ajudou!

E lá estava eu em passeatas, estudando projetos de lei, vendo e conhecendo varias coisas do alto dos meus 5 meses sem me decidir sobre doulas, Parto domiciliar, e até onde meu dinheiro conseguiria ir, tudo se passava na minha cabeça poucas coisas eu falava para meu marido e meus familiares, estava muito confusa para conversar – o pote estava cheio!
Comecei a pesquisar várias doulas e algumas coisas que lia não me falavam ao coração, quando comentava quem era minha GO, Dra Izilda Pupo, uando comentava que seria hospitalar por que já tinha uma cesárea e também o preço não cabia no meu orçamento, comecei a ficar insegura e muito pilhada, estava muito nervosa de não resolver, meu marido percebeu e me fez parar e esvaziar o pote: "Érika o parto é seu, o que você decidir eu apoio mais pensa direito o que vai te deixar mais segura a gente vai dar um jeito!“

E as coisas começaram a fluir, respirei e resolvi que ia ignorar as indiretas sobre a minha GO, os gritos nos face sobre você não pariu o seu primeiro e o quanto de mal eu tinha feito para ele, e ia começar a fazer a minha busca, por que como meu marido disse é o MEU PARTO!

Li o livro “Quando o corpo consente”... Amei, e percebi que o que eu buscava era mais amor e harmonia, mandei um e-mail para minha Go e perguntei sobre Doulas e quando fui na consulta conversamos muito sobre isso e meu coração foi sossegando, começava a colocar só o que eu queria no meu pote.
E quando consegui decidi sobre o que realmente era importante e queria a paz volta a reinar dentro do seu coração e o universo volta a conspirar a seu favor… e foi assim que conheci a doula Adriana Vieira e me abri, falei do que estava sentindo naquele turbilhão e do que precisava realmente, não me preocupava com musicas, velas, fotos eu queria o parto normal ou natural! 

Optei por um parto hospitalar, com ajuda da GO, da doula, e do marido que se deixou envolver por tudo isso, foi muita informação e a previsão de 40 semanas para dia 9/9 mais já sabendo que podia ser depois por que toda mulher entra em trabalho de parto!

Fiz um mês de Yoga, tirei férias do trabalho para organizar as coisas, dá mais atenção ao meu mais velho e esperar a Marina com previsão para o mês de Setembro mesmo mês do pai dela.

Dia 26 de agosto, estava na sala eu e minha mãe tinha lavado as roupinhas e eu estava com preguiça de passar, eram 22 hs quando meu filho pegou um mordedor que comprei e pediu para abrir eu falei que aquele era o brinquedo da Marina e só podia abri quando ela resolvesse sair, ele passou o mordedor na barriga e disse:
“Vem Marina! Vem brincar… estou te esperando!” eu achei lindo e fofo!
Rimos e uma hora depois senti uma dorzinha nas costas, estava sentada no sofá e reparei que meu filho me olhava de um jeito tão profundo na outra ponta do sofá, lembrei que era dia de lua Nova e comentei com meu marido. O Lucas dormiu e a dorzinha começou a ficar diferente, olhei a barriga no espelho do quarto e vi que estava toda vermelha, falei para meu marido vai dormir que acho que pela manhã teremos novidades!

1:37 Contrações começaram de 6 em 6 minutos, entrei em contato com a Doula pelo What apps…minhas contrações começaram assim doloridas de 6 em 6 minutos.
1:57 Saiu o tampão e a dor diminuiu por que fui para bola de pilates, fui para o chuveiro.
2:24 a bolsa estourou , nunca vi tanta águas tão rápido a dor estava tão intensa que não conseguia raciocinar
Óbvio que eu não tinha feito mala de maternidade, nem a minha nem a da Marina, enquanto as contrações diminuíam de tempo, entre uma e outra meu marido ia montando as minha mala e pegando meus documentos eu só conseguia falar quando as contrações paravam era muita dor nas pernas não conseguia ficar de pé, deixamos meu filho na casa da minha mãe e pedi a ela para fazer a mala do bebê…
3:53 consta minha internação, eu não acreditei quando a plantonista fez o exame e me falou, você está com 8 cm, eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo comigo, ela deve ter pensado que eu estava delirando por que eu dei um sorriso, eu fiquei numa felicidade e pensei eu vou conseguir meu parto!

Já tínhamos avisado Doula e GO estavam todas a caminho, meu único problema era as pernas, uma dor horrorosa que me travava, eu tive muitas câimbras a gravidez inteira e no trabalho de parto não lembro das contrações lembro apenas da travada nas pernas, eu sai da maca que a plantonista fez o exame e comecei a sentir vontade de fazer força, só deu tempo de me trocar, Go e Doula chegar e ir para o chuveiro
O responsável pelo plantão, não deixou o parto ser no quarto, fez questão da sala de cirurgia, difícil ir até lá com as pernas travando, uma dor alucinante me peguei em Dr. Bezerra de Menezes pedi a corrente dele, é a minha crença e sei que me ajudaria naquela hora, fiz força, não achava posição… Pensei precisava ouvir um rock ! rsrs…comecei a pensar em Janis Joplin kkkkk, a mente para fugir da dor faz coisas interessantes a GO falou, só depende de você, meu marido viu a cabeça eu senti eu fui lá na minha memória roqueira buscar um grito fiz uma força longa, bem longa …pensei só paro quando ela sair e deu certo 5:23, nasceu Marina , com 3.300kg, 48 cm e direto para mim, meus braços, meus seios, meu cheiro….meu parto!
Tive laceração, mais foi pequena a placenta saiu sem dor….e eu fiquei com minha filha no colo um bom tempo e meu coração se encheu de paz, e pensei
“Não acredito que tive um parto Tsunamico, ou como eu sempre brinquei- parto quiabo”

Eu postei tanto isso no facebook! Partos rápidos, e ri muito disso tudo, de tudo que briguei e todos os encontros com os meus medos, tudo que tive que confrontar. Melhor que o parto é o aprendizado de que o caminho está lá nos livros, nos grupos, nos vídeos, mais você vai ter que escolher como quer caminhar, o ritmo e as companhias que quer só você pode fazer isso, é a sua vida e o controle é seu!

Eu desejo que todas encontrem seus caminhos e lembrem-se, ter parto normal, natural, domiciliar dá trabalho requer tempo e dedicação, se isso é importante para você lute!
O caminho é seu!
Namastê

Que todo amor envolvido no meu renascimento retorne as pessoas que participaram dele,
Meu marido, minha mãe, minha família…
Amigos e amigas de facebook,
Irmãs de lua nova e de barriga,
Gratidão a minha GO e a Adriana Vieira
Que todo esse AMOR sempre faça parte de nossas vidas!

Da mamãe Érika Domingues, do nascimento da sua caçula Marina que nasceu com 3,300 kg e 48 cm em noite de lua nova 27/08/2014 as 5:23hs, em Santos/SP (Na maternidade que a mãe brigou para não fecharem - rsrs)

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