Vamos falar sobre a perda? e ajudar que precisa de acolhimento...

O assunto não é fácil mas precisamos saber lidar com a perda e saber acolher que perde um bebé.
Como Doula vejo o sofrimento de muitas mulheres que perdem seus bebês antes de 12 semanas de gravidez, e achei importante dar algumas informações que podem ser úteis pra todos nós.
Aborto espontâneo
Durante os meses de novembro e dezembro de 2017 e a primeira semana de janeiro, 8 mulheres que me procuraram pra doulagem, perderam seu bebê ( embrião), antes da 12 semana de gravidez, e durante esses anos todos que trabalho com gestantes vejo um número enorme de mulheres que passam pela dura e triste perda de seu embrião e ficam arrasadas, deprimidas e não encontram um acolhimento mínimo necessário nos prontos socorros ou hospitais, ou mesmo de seu médico ou parceiro…
Foi pensando nelas, e em 50% das mulheres que engravidam ( sim, esse é o número que temos de mulheres que perdem seus bebês, muitas vezes sem saber, pois estão com menos de 12 semanas de gestação), que resolvi fazer esse post, pra dizer pra Vcs, que mesmo passando por esse momento, saibam que Vcs estão saudáveis e poderão engravidar logo e novamente, e que esse processo, apesar de triste e doloroso, é natural da nossa fisiologia.
“Estudos indicam que até 50% fertilizados sejam perdidos nos estágios iniciais da gravidez e mais de 80% dos abortos espontâneos ocorrem antes das 13 primeiras semanas”
E seu corpo está funcionando bem sim!!!
Infelizmente, hospitais e PSs acabam tratando as mulheres que perdem seus bebês antes de 12 semanas como se nada tivesse acontecendo, e acho isso um despreparo…quem dera um dia tivéssemos psicólogas, doulas e outras profissionais nesses locais pra acolher essas mulheres, esses casais, e que lhe explicassem, que apesar desse momento, tudo pode ficar bem, e logo. E os parceiros também precisam entender a dor de suas mulheres!
Permita-se chorar sim, se preciso, e terminar esse processo para que depois, no seu tempo, possa se preparar física e mentalmente para um novo e lindo recomeço…
Nem sempre há como prevenir o aborto espontâneo, pois na maioria dos casos se dão por causas …..
Mas ao saber de uma gravidez é ideal aguardar até 12 semanas completas pra voltar a prática de esportes, e não consumir álcool, Drogas nem tabaco, e iniciar um pré natal assim que sou er da gravidez
Resumindo:
*A medicina classifica como aborto espontâneo a gravidez que foi interrompida naturalmente até a 22a semana de gestação, quando o bebê ainda pesa menos de 500 gramas.
Se ocorrer antes da 12a semana, o abortamento é considerado precoce; depois disso, e até 23 semanas é chamado de tardio.
*Cerca de 80% dos abortos espontâneos acontecem de forma precoce.
*Um dos principais fatores do aborto espontâneo são problemas genéticos que se dão no momento em que o embrião está se formando, como falhas nesse processo, que apontam até 70% dos casos.
Sintomas principais:
*Sangramento com cólicas, e em alguns casos, o desaparecimento de sintomas da gravidez, como dores no seio e enjôos.
Relato - aborto espontâneo:
A mãe de Nalu, a Ellen, que tive o grande prazer de doular ( num parto lindo, rapido e emocionante), vai compartilhar aki com vcs, momentos bem dificeis que viveu antes desse parto…e que outras mulheres de sua família tbém experenciaram…um aborto espontâneo
“Era minha primeira gravidez, sempre quis ser mãe, sempre foi um grande sonho. Nunca pensei em parto normal, natural ou até mesmo humanizado. Pensava nas facilidades que a medicina tinha hoje, era decidida em simplesmente fazer Cesárea, escolher o dia do nascimento do meu filho, não pensava nem mesmo esperar ele dar o sinal de que estava pronto para nascer. Estava com oito semanas de gestação, um dia quando acordei tive uma secreção marrom escura e cólicas, senti que algo estava estranho, então fui fazer um ultrassom. Nele descobri que não havia batimentos cardíacos do meu bebê. Que notícia, meu mundo caiu, não esperava nunca ouvir isso. Naquele momento, já senti uma certa frieza do profissional que fez ultrassom. Ele, simplesmente, me disse que não tinha batimento cardíaco no meu bebê e que eu deveria falar com a minha médica. Me senti muito sozinha e assustada, mesmo meu marido estando sempre ao meu lado me apoiando, foi uma bomba que recebi e não tive apoio de nenhum profissional naquele momento, todos trataram aquele momento com muita indiferença e naturalidade, senti muita falta de compaixão. Tive que ir até minha cidade natal para resolver tudo. Acredito que, como a maioria, foi inevitável não ter o pensamento de culpa, primeiro pensamento que vem, o que eu fiz? o que eu poderia ter feito para evitar? Logo vem uma grande dificuldade: contar para a família. Pra piorar, logo vem a curetagem, feita na maternidade, como foi dolorido ir até esse local não para o parto. Sofri muito com esse acontecimento, mas tentei tirar alguma coisa boa de tudo isso. Acredito que todo sofrendo tem que nos trazer algum ensinamento. De repente, certa frase me veio muito a mente, que eu ouvi de uma pessoa muito querida que conheci em uma viagem: “nós não temos o poder de impedir a morte, por que achamos que podemos escolher o dia do nascimento?” Assim comecei aceitar melhor a situação e mudei completamente o modo de pensar sobre o parto. O tempo foi passando, e sim, só o tempo para a dor amenizar, porque não passa. Após 1 ano engravidei de novo, o começo foi bem difícil, cada ultrassom um medo, mas minha fé era mais forte e segui em frente. Tive uma gestação maravilhosa e um parto perfeito, sim, digo perfeito pois não poderia ser melhor! Nalu nasceu em um parto natural e humanizado! Tive o apoio do meu marido o tempo todo e encontrei profissionais que foram incríveis e competentes durante a gravidez e o parto, isso faz toda diferença!”

E o que moveu Juliana Matias, mãe de Laís, a criar um grupo de Apoio para Pais em Luto, na cidade de Santos, SP, foi uma dura experiência, e com muita sabedoria e toda minha admiração. Ela soube tranformar e agora ajuda muitos e muitos pais, avós e cuidadores.
Espalhe sobre esse grupo: Lado a Lado e participem das reuniões que podem acolher a dor de outros pais. 🙏🏻🙏🙏🏾
Compartilhem a dica do grupio Lado a Lado e acolham quem estiver nesse momento.
